Resenha de Livro: “Os Axiomas de Zurique” de Max Gunther (parte 1)

Muitas pessoas me perguntam sobre livros, pedem indicações, me pedem pra fazer mais resenhas como já fiz algumas, e eu prometi que esse ano eu traria mais livros que podem ajudar a gente a trabalhar a nossa mente em relação ao trading, que podem nos ajudar a sermos traders melhores.

E hoje vamos falar de um dos grandes clássicos do mercado financeiro: “Os Axiomas de Zurique” e os grandes insights e ensinamentos que podemos ter com esse livro pra sermos operadores melhores.

Max Gunther, o autor deste livro, apresenta as regras infalíveis que os Suíços estabeleceram para ganhar dinheiro no mercado.
E ele divide essas regras em 12 Axiomas principais e mais alguns axiomas menores.

E talvez você esteja se perguntando: mas que raios é um axioma???

Um axioma é considerado uma verdade inquestionável universalmente válida, é uma proposição tão evidente que não precisa ser demonstrada.
A palavra axioma deriva da grega axios, cujo significado é digno ou válido. Em muitos contextos, axioma é sinônimo de postulado, lei ou princípio.

Então seriam os princípios que os Suíços, muito espertinhos, seguiram para enriquecer em Wall Street?

Este livro traz muitos exemplos reais, muitos cases, conta a história de várias pessoas e a forma como elas pensavam e agiam em relação ao mercado, e por isso, certamente você pode aprender muito com esse ele.

O livro se baseia nas regras de especuladores, que não operavam day trade – pelo menos não parece pelos exemplos dados. Por isso vou tentar fazer as analogias e peço que você use o seu senso crítico e aproveite as informações da forma que julgar melhor, que fizer sentido pra você. E se você não concorda com alguns dos axiomas, e já adianto que eu não concordo com alguns, aproveita e deixa aqui o seu comentário dizendo que não concorda, por causa disso ou daquilo.

Ah, e eu quebrei o conteúdo do livro em dois artigos porque é tanta informação que você pode acabar não absorvendo da melhor forma.
A ideia é que você pense, reflita, questione se este ou aquele axioma faz sentido pra você. Pense o que pode aprender com ele.

Então… bora lá pra parte 1.

Uma das coisas legais é que já na introdução o autor começa dizendo que o assunto do livro é “apostar pra ganhar” e que isso talvez dê a impressão de que se trata de um livro pra todo mundo. E não é.
Claro que todo mundo quer ganhar, mas nem todo mundo quer apostar, e é aí que reside a grande diferença.
É exatamente assim no mercado financeiro. Todo mundo vem pro mercado porque quer ganhar dinheiro, mas poucos estão de verdade dispostos a correr o risco de perder para ter a chance de ganhar.

O autor ainda cita que na vida, para qualquer espécie de ganho – em dinheiro, em estatura pessoal, o que quer se defina como “ganho” – você tem de arriscar um pouco do seu capital material e/ou emocional. Tem de comprometer dinheiro, tempo, amor, alguma coisa. Esta é a lei do universo.

Se você quer ter a chance de ganhar alguma coisa, você precisa correr os riscos envolvidos!

E o primeiro grande axioma é justamente esse: “DO RISCO”. Ele diz que preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você não está preocupado, não está arriscando o bastante.
Essa questão de você operar “sem preocupação nenhuma” é controversa e perigosa.

O maior risco de você especular no mercado financeiro é o de você perder dinheiro, mas se você não corre o risco de perder, também não tem a chance de ganhar.

Quando a gente fala em dinheiro, a maioria das pessoas agarra-se à segurança como se fosse a coisa mais importante do mundo. E a segurança parece ter muito a seu favor: faz com que a pessoa se sinta protegida. É como estar numa cama quentinha em noite de inverno. Cria uma sensação de tranquilidade.

E aí eu achei interessante a pergunta que o autor nos faz: que diferença faz, realmente, se você ficar um pouquinho mais pobre, na tentativa de se tornar mais rico?

Às vezes, você acha que aceita os riscos envolvidos mas o que você faz mesmo é se iludir com isso.
E aí? Você aceita de verdade ou finge pra você mesmo que aceita?

Você diz que aceita perder 5% nessa operação pra correr o risco de ganhar 10, mas quando tá perdendo 4% o que você faz? Já sai da operação? Muda o stop de lugar pra tentar não perder?
Não adianta você fingir que aceita o risco porque o mercado vai mostrar a verdade e em geral da pior forma possível: fazendo você perder dinheiro!

Como disse Jesse Livermore, toda atividade tem os seus problemas, os seus apertos. Se você cuidar de abelhas, vai levar as suas ferroadas. No meu caso, são as preocupações, os riscos. É aceitá-las ou continuar pobre. Se eu puder escolher entre preocupações e pobreza, sempre vou preferir as preocupações.

Muitas pessoas dizem: se você não aceita correr os riscos de especulador, então seja um investidor, foque no médio e longo prazo. E aí o autor nos traz uma visão um pouco polêmica. Na verdade tem vários pontos polêmicos ao longo do livro e a gente vai falar deles porque a gente tá aqui também pra gerar polêmica, mas o primeiro é que o autor defende a teoria de que todo investimento também é especulação. A única diferença é que alguns admitem isso, e outros não.

Todas as jogadas financeiras visando lucro envolvem riscos, o indivíduo se assumindo especulador ou não.

Bom, talvez o que mude seja a magnitude dos riscos, mas não existe essa questão de ganhar dinheiro sem correr riscos.
E se você quer ganhar você precisa superar o medo de se machucar.

O autor diz que se a quantia que estiver em jogo for tão pequena que a sua perda não represente diferença significativa, o mais provável é que tampouco trará ganhos significativos.
única maneira de ganhar muito apostando pouco é comprar um bilhete de loteria, com o que você pode ganhar milhões com menos de cinco reais. Pode até ser gostoso sonhar com isso, mas de tão grande, as probabilidades contra são deprimentes.

No curso normal de uma jogada especulativa, você tem que começar disposto a se machucar, nem que seja um pouquinho. Talvez você prefira começar modestamente e, à medida que for ganhando experiência e confiança na solidez da sua psique, ir aumentando a dosagem de preocupação.

Os axiomas dizem pra você só apostar naquilo que vale a pena.
Na hora de arriscar, pense: você tem muito mais a ganhar ou muito mais a perder???
Você tem que perceber que se ganhar, serão várias maravilhas juntas… e se perder, vai doer, mas não vai ser lá essas coisas. Aí o caminho a tomar fica claro, não é mesmo?

E outro ponto que talvez seja bem polêmico é um axioma menor que diz “resista à tentação das diversificações”, ou seja, nada de ficar diversificando e colocando um pouquinho de dinheiro em cada ação, a famosa carteira diversificada. O autor diz que ao diversificar, você cria uma situação em que, provavelmente, ganhos e perdas acabam se cancelando e o deixando exatamente onde começou – no Ponto Zero. Você vira um artista de circo que tenta manter no ar uma porção de bolas ao mesmo tempo. Bolas demais.

Quanto maior o número de especulações em que você entra, mais tempo e estudos terá de dedicar-lhes.
Ele diz “ponha todos os seus ovos no mesmo cesto, e tome conta do cesto“.

Talvez você não concorde com o autor nesse ponto e já te convido a queixar aqui nos comentários a sua opinião sobre esse aspecto da diversifiação.
Mas nesse momento, vamos extrapolar isso pra sua carreira de trader. Talvez faça sentido você focar num único ativo no day trade, virar especialista nele, ou então, focar em poucas técnicas e estratégias pra operar ações e virar especialista nelas.
Talvez essa seja a sua forma de “por todos os ovos no mesmo cesto e tomar conta dele”.

Outro grande axioma trata da GANÂNCIA, e diz pra você realizar o lucro sempre cedo demais.
Mas isso não quer dizer você ser mão-de-alface nas operações.
Ganância significa querer em excesso, querer mais, sempre mais.
Significa você querer mais do que queria no começo, ou mais do que seria justo esperar.
Significa perder o controle dos seus desejos.

O autor diz que no jogo ou no curso de uma jogada especulativa, de tempos em tempos ocorrerão períodos de ganhos. Você achará tão bom, que vai desejar que durem para sempre. Com certeza, terá o bom senso de admitir que a realização de tal desejo é impossível, mas se houver sido agarrado pela ganância, vai se convencer a esperar ou a acreditar que tais períodos durarão pelo menos um bom tempo… e mais um pouco… e um pouquinho mais… e irá navegando, na crista da onda, até que você e o seu dinheiro se precipitem numa cachoeira.
Aposte sempre nos períodos breves e modestos.
Não se deixe dominar pela ganância. Quando estiver com um bom lucro, aproveite-o e caia fora.

Um dos ensinamentos mais antigos de Wall Street diz que não se deve olhar a cotação de uma ação que já se vendeu, que já realizou o lucro. Pra evitar a crise de choro, aquela sensação de “ficar na saudade”, de que você poderia ter ganho muito mais, que saiu com 4 pontos quando poderia ter ganho 10!
Essa é uma das sensações mais penosas que um especulador do mercado pode experimentar.
Em vez de você ficar chorando esse pouco leite derramado, você deveria mais era estar feliz por todas as vezes em que sair cedo demais, no momento planejado, foi coisa de gênio.

pra evitar a ganância você deve entrar na operação sabendo o quanto quer ganhar e quando chegar lá, cair fora!

E isso é você que terá que decidir. É você que vai ter quer dizer quando basta. Isso é muito, muito difícil de fazer, tão difícil que apenas uma minoria aprende. Na realidade, a maioria nem sequer chega a perceber a necessidade de fazer isso. Mas é uma técnica que você tem de dominar. É peça essencial do equipamento de um bom especulador.

E pra reduzir esse sentimento, aprenda a valorizar mais a disciplina de seguir o plano do que o resultado financeiro.
O seu final, o basta, é quando você cai fora, dá um suspiro de alívio e relaxa. Como o corredor ao final da prova, você se joga na grama, ao lado da pista, e pensa: “tudo bem, acabou. Cumpri o meu objetivo inicial. Fiz o que vim fazer. Ganhei a minha medalha. Vou ficar aqui um pouquinho e saborear a vitória”. Ou então: “tá legal, perdi, mas já acabou. Vou dar uma descansada, pensar e planejar a próxima. Amanhã eu corro de novo”.
De um jeito ou de outro, você chegou ao final, cumpriu o plano, atingiu o objetivo.

E você só pode dizer isso se tiver estabelecido qual era esse ponto, porque no mercado não existem fitas de chegada. Principalmente quando cada posição atingida parece um novo ponto de partida.

Antes de começar a corrida, estabeleça onde é a linha de chegada.

E quando pensar que devia ter permanecido na operação pra ganhar mais, console-se pensando nas tantas vezes em que ter saído dentro do plano protegeu ganhos que, de outra forma, teriam ido por água abaixo.

E aí, o axioma que trata DA MOBILIDADE pode te ajudar nisso. Ele diz pra você evitar lançar raízes, elas tolhem seus movimentos.
Em outras palavras, não case com uma posição!

Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente.
Uma das mais frequentes – que se insinua e pega as pessoas de surpresa – é embarcar numa situação na qual você não tem certeza se está ali por especulação ou por hobby.

Além disso, jamais permaneça numa operação acreditando que aquele ativo lhe “deve” alguma coisa ou, o que é igualmente ruim, que você “deve” ao ativo um pouco mais de prazo para que ele demonstre do que é capaz. Se não estiver indo a parte alguma e algo melhor passar, troque de trem.

Ah… mas se eu sair do ativo e aí sim o mercado andar??? Paciência… é sempre o risco que se corre.
Faça o que for, a possibilidade de arrependimento é a mesma, então o melhor é deixar isto fora dos seus cálculos.
A decisão de ficar ou trocar deverá basear-se unicamente no seguinte: qual especulação, no seu modo de ver, parece oferecer melhores perspectivas de lucro rápido?

E aí, o axioma DA TEIMOSIA está relacionado com isso. Ele diz que “se não deu certo da primeira vez, esqueça”.
O autor fala que há inúmeras áreas da vida em que a perseverança pode nos ser muito útil. Em especulações, porém, embora haja momentos em que é de utilidade, há outros em que pode levar-nos ao desastre.

Nunca permaneça numa operação por teimosia. Nunca ache que o mercado lhe deve alguma coisa.
É humano, mas é besteira.
Como é que um ativo pode lhe “dever” dinheiro? Alguém pode lhe dever. Se a pessoa não paga, está no seu direito cobrar e ficar zangado se o comportamento irresponsável continuar.
Porém, se você perder dinheiro num ativo, é ilógico personificar o meio de investimento com ideias sobre “dever”.
Não apenas é ilógico, pois pode levá-lo ao comportamento de caçador, que provavelmente vai lhe custar mais dinheiro ainda.
Aquele do tipo “agora esse desgraçado do dólar me paga… vou lá tirar o dobro dele!!!”

O mercado não tá nem aí pra você, o único responsável pelos seus resultados é você mesmo.

E pro artigo não ficar ainda mais extenso, a gente vai encerrando essa primeira parte por aqui e logo falaremos dos outros axiomas, OK?

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